Pergunta: O que Snoop Dogg, John Cleese, Lucy Liu e Jeff 'The Dude' Lebowski têm em comum? Simples, todos eles, em algum momento, aproveitaram a sala de estar da Residência Sheats Goldstein, projetada pelo discípulo de Frank Lloyd Wright, John Lautner.
Saiba mais sobre esta casa espetacular e seu proprietário único a seguir...
Apesar de Snoop Dogg parecer ter reivindicado, na realidade, a casa é de propriedade do investidor milionário e bon vivant James Goldstein. Raramente visto sem um terno de pele de cobra, um chapéu Stetson e uma supermodelo, o cowboy playboy tem sido fundamental tanto em proteger como aperfeiçoar esta obra-prima modernista de metade do século XX há mais de trinta anos.
Quando Goldstein planejou encontrar uma casa nova em Los Angeles no ano de 1970, sabia exatamente o que queria: uma vista, uma piscina, espaço ao ar livre para o seu cão e um "sentimento de Frank Lloyd Wright" - tendo crescido rodeado por casas de Wright, em Milwaukee, Goldstein desenvolveu um apego para o arquiteto. A Residência Sheats Goldstein foi originalmente concebida por John Lautner para a família Sheats, em 1961. No entanto, no momento em que Goldstein a viu, em 1972, era quase tarde demais. Os anos sessenta haviam passado e a casa estava cheia de estuque, pinturas multicoloridas e tapetes de pelúcia. Independentemente disso, Goldstein declarou que "esta era a casa". Comprou-a e recontratou Lautner, não com a intenção de restaurá-la ao seu estado original, mas para continuar e aperfeiçoar sua visão.
Lautner havia estudado com Wright, antes de tornar-se um colaborador próximo. Durante seus primeiros trabalhos, priorizou o artesanal e envolveu-se fortemente na concepção dos ateliês em Taliesin West. Mais tarde, ao mudar-se para Los Angeles, em parte, a mando de Wright, tornou-se infame em si próprio por seus projetos futuristas, alienígenas e blocos que desenhou para a elite da cidade. No entanto, Lautner desapareceu em popularidade. Sua propensão para romper limites, significava que seus desenhos complicados eram muitas vezes atrasados ou cancelados antes de serem construídos. No momento em que Goldstein contatou-o, ficou feliz por ter a chance de trabalhar.
Os dois homens apreciavam mutuamente suas visões do que a arquitetura "realmente" era e sua colaboração durou até a morte de Lautner, em 1994. Goldstein descreveu, "O que fez ele [Lautner] incomum entre os arquitetos famosos, era que não tinha nenhum problema de ego e, ao contrário de muitos arquitetos que dizem a seus clientes o que tem de ser feito, ele sempre esperou ouvir de mim antes. "Lautner quis projetar casas que seriam tudo o que, em sua mente, Los Angeles não era: alta qualidade de projeto atemporal, respondendo às necessidades físicas e emocionais, em vez de modismos. Muitas pessoas me disseram que eu era seu cliente perfeito." Goldstein continua, "considerações orçamentais nunca foram um fator. Era, como isso pode ser feito para alcançar a máxima perfeição?"
A Residência Sheats Goldstein foi projetada no estilo "orgânico" - um termo cunhado por Frank Lloyd Wright que implicava em uma casa conectada à natureza e um organismo unificado em si mesmo. Similar a seu antecessor, Lautner acreditava que a casa - e tudo nela - deveria ser concebida como um todo.
Incorporado em uma borda de arenito, o projeto é dominado por um teto abobadado triangular de concreto que se dobra sobre a sala de estar e terraço para criar um espaço cavernoso olhando para o horizonte da cidade. Para enfatizar esta ligação com a natureza, os dormitórios estão ligados por passarelas externas cobertas. Além disso, as adições finais da pintura colorida e pelúcia foram substituídas por uma paleta de madeira, couro, vidro, concreto e aço.
Sempre que possível, a tecnologia foi explorada para maximizar a conexão entre interior e exterior. A parede de vidro sem caixilho, separando a sala de estar e terraço, era originalmente apenas uma parede de ar comprimido. No dormitório principal, sala de jantar e cozinha, painéis de vidro e claraboias deslizam em trilhos escondidos - um recurso inesperado considerando que a maioria do mobiliário é fixo, mas as paredes e tetos movimentam-se. Depois, há os pequenos detalhes - 750 copos foram inseridos na concretagem da laje de cobertura, criando uma matriz de minúsculas claraboias. No dormitório, uma pia totalmente de vidro foi concebida para preservar a visão e a televisão da sala de estar parece de uma aeronave, dobrando-se a partir de um painel no teto.
Em torno da casa está um jardim com esculturas em seu próprio microclima exótico, desenhado pelo arquitecto paisagista Eric Naglemann. Uma escada de concreto em balanço através do terreno, liga a casa ao Turrel Skyspace. Este espaço, como um bunker é quase inexpressivo no interior, salvo pela a porta e duas aberturas limpas em suas paredes brancas destinadas para o céu. Ao amanhecer e anoitecer milhares de LEDs ocultos iluminam o espaço, mudando as cores, divorciando o espectador de qualquer contexto e alterando sua percepção do céu. Naturalmente, com Goldstein sendo a síntese de um "solteirão", isto não é apenas uma instalação de arte etérea. Há também um colchão de couro embutido no piso e um bar externo para os hóspedes.
Embora o Skyspace tenha sido destinado a ser uma colaboração entre Lautner e James Turrell, o arquiteto morreu em 1994. Desde então, seu antigo aprendiz, Duncan Nicholson, continua a trabalhar na casa com o proprietário até hoje. Atualmente, um pavilhão de entretenimento de 560 metros quadrados está em construção. Após a conclusão, irá servir como uma boate subterrânea e uma quadra de tênis na cobertura.